Eu vi um Zambiapunga, quem era ele? Mistério... E me escondi atrás da minha mãe, cobri os olhos com a barra de sua saia de chita, que susto que medo, são tantos mascarados, caretas horripilantes, homens que pareciam bicho. O bicho papão... Mas o medo só durou um minuto,e no outro a curiosidade tomou conta da criança e ela já estava ouvindo um som metálico, e o som de um tambor, era carnaval. Risos... Olhei e vi como era colorido, alegre, divertido! Vi meninos e meninas correndo e brincando, então eu fui brincar também...
Brincar de fazer, fazer vestidos elaborados com retalhos, sedas extremamente coloridas, fitas e flores de chita. O preto retratando os negros os escravos e sua cultura vinda da África, moldado em vestidos sobrepostos com capas, dupla face, relembrando os antepassados no tom do vermelho.
Fluidez e rigidez dicotomia que rememora a infância, nas danças do zambiapunga encarnado nos arcos e babados dos vestidos, formas femininas, lúdicas, num movimento em que a roupa sofre a metamorfose do day-night, passeando entre a brisa da primavera e o calor do verão. Assim como as lembranças da infância que chegam e transmutam numa nova fase, já mais madura. O colorido, o branco adentra a coleção em matizes, simbolizando e marcando a face de uma cultura, de uma identidade que não pode morrer.